
Era uma sexta-feira cinzenta de abril. E a cantada sem graça parecia a única coisa a descortinar a luz, em meio ao cansaço e chateações de um dia turvo. O reboliço e burburinho da cidade não foram suficientes para sufocar a frase. Desajeitada, dita sem convicção, ainda acendeu um sorriso. Talvez por não valer ser levada à sério. Servia somente para demonstrar que há outros olhares, observando o suave movimento dos cabelos, banhados pelo sol. Sem importar se tantas ouviram o mesmo bobo galanteio, saber-se notada era uma sensação que, por pouco, não esquecera. Mergulhada em suas esperas e dúvidas, chegou quase a perder o gosto. Riu mais uma vez. E outra. Por um segundo, preocupou-se se percebera a alegria proporcionada. Besteira. Queria mesmo era desfilar as sapatilhas vermelhas pelo asfalto quente e sentir a vida, vinda de todos os olhares.
2 comentários:
Vc lembra que foi uma cantada que me fez tomar a atitude que faltava pra mudar minha vida???
Não vou mentir... Sou fã dos seus textos curtos e redondos. Principalmente da sua entrega. Devoro tudo com muito gosto. Por coincidência, o meu novo post também tem a sexta-feira como palco. Beijos, morena. Muitos.
Postar um comentário