quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Do cinza se faz aquarela

Tarde morna. Do campo cinza, onde repousam sonhos e histórias, o velho de enxada na mão revolve a terra e faz surgir pequenas flores, devolvendo a aquarela à paisagem fria. A lâmina corta a terra dura e traz a beleza de volta, mas não sem antes revirar o chão. A lida diária consiste em transformar ambientes, retirar o pó, zelar pelo que não é mais. Solitário, já se habituou as lições do tempo e do silêncio, que mostra que o sofrimento abre espaço para a vida. É a renovação. O fim, antes da mudança. A lida diária de desencontros e dificuldades que cava espaço para as transformações. É preciso estarmos atento a estes ciclos, aos túmulos que nos cerca, onde descansam desassossegos, sepulta-se enganos, mas que também serve de base para cultivar jardins.

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