quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O analfabetismo, um cárcere

Estes dias me atravessou manchete de um matutino: “Homem preso por não saber ler”. A matéria dava conta da prisão de um “foragido” analfabeto, que ignorava a obrigação de comparecer a audiência conforme descrito na intimação judicial.
Talvez, o leitor mais apressado não tenha reparado no absurdo do crime, nem tampouco, do criminoso. Longe da morosidade e da burocracia burra que amordaçam a dama cega e entopem o gargalo do sistema prisional, a violência ali é outra. Uma violência velada cometida diariamente por uma democracia às avessas, que à sangue frio atenta contra o futuro de outros tantos brasileiros. O analfabetismo é uma cela que há muito envergonha o país.
Em tempos de mostrar serviço e correr atrás de votos, o interesse dos nossos prefeitáveis estão mais voltados para criticar uns aos outros do que para apresentar propostas coerentes à educação do município. Mas sem querer defender a classe política, a sociedade também tem sua parcela de culpa, visto que não participa da vida escolar de nossas crianças e jovens.
Mas o absurdo não pára por aí (e nem os crimes). Dados do IBGE dão conta que dos cerca de 60 milhões de estudantes, 60% das crianças de primeira a quarta série não dominam as quatro operações básicas, 65% dos alunos da oitava série não sabem trabalhar com porcentagens. Mas isto são detalhes, o importante é atingir a meta do IDEB, na busca por uma colocação que levará ao país ao patamar de “desenvolvido”, por meio de uma metodologia que maquia resultados e emburrece estudantes, que não podem ser reprovados.
Um governo que nega ao seu povo à educação, encarcera a liberdade de escolhas, aprisiona na cela escura e imunda um mundo de possibilidades, de desenvolvimento humano, político e social.

Um comentário:

Unknown disse...

"... Mudaram as estações, nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu, Tá tudo assim, tão diferente"

Cassia Eller

É essa música que me veio a mente quando li essa passagem!!

Beijo!!