Ela só queria escrever uma história. De preferência, que
tivesse um casal. E quem sabe alguns planos e sonhos para somar ou jogar fora,
enquanto se constrói a vida. Que fosse um conto envolvente ou um romance, com a urgência e
a paz dos abraços, dos braços jogados, esquecidos um sobre o corpo do outro. Uma história que tivesse dois tempos e demorasse ou nunca chegasse ao fim. Que
fosse se renovando a cada novo parágrafo, a cada revisada, a cada frase
riscada, consertada ou até mesmo naquelas que não há mais o que dizer. Escrita
com letras redondas ou hieróglifos ilegíveis, de acordo com a pressa para
captar cada momento, cada movimento, cada pedacinho de si, dos dois. Sem perder
nada. Escrita a quatro mãos e um caminho. Que falasse também em verdades, em
anseios e trouxesse um ou outro erro - já que nada pode ser perfeito. E fosse
simples, como essa vontade doida de rir. Porque o amor pode ser fácil. E ela só
queria escrever. Mas já era domingo. E nessas noites fogem as narrativas.
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